Por Vitalina de Assis
A Calopsita e eu.
A primeira vez que tive contato com a palavra Calopsita, foi
através de uma faixa em uma das ruas do meu bairro que dizia: “Procura-se duas
Calopsitas que fugiram no sábado, dia 20/01. São dóceis e pertencem a uma
criança autista que está desconsolada. Paga-se muito bem por elas”. Pensei na
criança autista, me solidarizei com a angústia do responsável, mas me
perguntei: que diabo é isto? Será uma raça de cachorro? Gato? Não tinha a menor
ideia, mas curiosa como sou fui ao Google e qual não foi a minha surpresa com
aquela avezinha toda fofa, inteligente e tão apegada aos seus humanos. Mesmo
fofinha, sequer cogitei a possibilidade de possuir uma. Meu mundo era 100%
cães, meu pet lindo, parceiro, inteligente e protetor chamava-se Spike. Pense
em um “maltês ilhasa” (pai maltês, mãe ilhasa) que só faltava falar,
multiplique por 100 e pode ser que se aproxime do meu Spike que eu,
carinhosamente apelidava de hilander, pois parecia eterno. Os cachorros
vizinhos morriam depois de alguns anos, mas o Spike continuava firme e forte.
Minha filha Thamyrez conjecturava: Será que aconteceu algo sobrenatural quando
o Spike foi criado?
- Como assim? Questionava eu.
- Alguém lá encima esqueceu-se de acrescentar a morte ao seu DNA e ele não vai morrer, vai enterrar todos aqui.
Seria isto possível? E ríamos. Ele
se foi aos 20 anos, já não andava mais, usava fralda, tinha sessões semanais de
acupuntura, tomava remédio controlado e continuava a se alimentar com muito
apetite e apesar de muitos conselhos de leigos para sacrificá-lo, isto não
passava pela minha cabeça. Acredito na vida e que os nossos dias de existência
são contados e os vivemos na íntegra. Não possuímos o poder de acrescentar um
dia a mais, pois o poder da vida e da morte a Deus pertence. Você pode
argumentar que possuem a escolha de uma morte voluntária através de um suicídio,
mas será que as pessoas que assim o fazem estão exercendo sua autonomia, seu
livre arbítrio? Acredito que este ato desconstrói toda a beleza e harmonia do viver e vai na contramão de tudo que o Criador preparou para cada um de nós. O Spike se foi deixando um
vazio enorme em seu lugar, mas definitivamente não estava em meus planos adotar outro vidinha. Em plena pandemia e afastamento
social era na bendita vacina que eu pensava e no retorno ao trabalho.
Você deve estar pensando com os seus botões: que história é esta
que esta mulher está a contar? Começou com a Calopsita, depois entrou um
cachorro lindo e inteligente que envelheceu e morreu em plena pandemia. Imagino
que ela tenha sido vacinada e pelo andar da carruagem deve ter regressado ao
trabalho e como cantou o poeta: “tudo está no seu lugar, graças a Deus”. Perdi
algo mais? Ah sim! E a calopsita? O que sucedeu?
As calopsitas da faixa não faço ideia, mas minha irmã ganhou uma e
encantada com o bichinho tentou
convencer-me a adotar uma, porém ela não teve êxito, não por hora. Devo
confessar que por curiosidade pesquisei preço e me agradou a ideia de possuir
uma, mas como se diz por aqui eu esperei esta ideia passar e a vontade seguiu
junto. Quando desejamos algo e desejar é uma ação e um sentimento vibratório e,
independentemente de ser positivo ou negativo sempre retornam ao seu ponto de
origem, ou seja, nós mesmos. Então se os seus pensamentos são positivos, que
ótimo! Caso sejam negativos, sombrios e, você não consegue entender porque
coisas ruins te sobrevêm o tempo todo, então está mais do que na hora de rever,
abortar e substituir cada um deles. Quando me foi apresentada a ideia de ter
uma calopsita aceitei inconscientemente, assistia aos vídeos que me eram enviados, percebi que minha vizinha possuía um casal fértil e bastante barulhentos. Quando um desejo ou uma ideia encontra espaço em nossa mente
subconsciente, este solo fértil de criação, é certo que colheremos no nosso
mundo físico.
Meu cachorro Spike morreu em fevereiro e todos sabem como é
dolorosa a perda de um pet que é parte de nossa família. Vivi meu período de
luto confortada por um sentimento de extrema gratidão por ter convivido com um
ser tão especial e, exatos oito meses após sua morte, em uma bela manhã sem sol
aconteceu o inesperado. Uma calopsita emaranhou-se em um dos arbustos do jardim
principal no local onde trabalho e deu uma trabalheira doida para o meu colega
Hebert que a resgatou. Seus dedos que o digam. Colocou-a em uma pequena caixa
de papelão e abriu alguns furos para que ela pudesse respirar com mais
facilidade. Quando eu soube do ocorrido pensei imediatamente: esta calopsita
veio para mim, eu a co-criei com a minha mente subconsciente. Como o universo
nos trás aquilo que cocriamos é com ele, a nós cabe receber e agradecer com
alegria.
Todas as pessoas em volta ficaram entusiasmadas e se dispuseram
para adotá-la, ofereceram dinheiro, e ele afirmando que quem pagasse mais a
levaria. E eu, na contramão de todos sabia perfeitamente que não se tratava de
uma mera coincidência – aquele lindo pássaro estava ali por mim e para mim. Ao
afirmar-lhe isto, Hebert olhou-me nos olhos e disse-me: O universo a trouxe
para todos nós e quem pagar mais, vai leva-la. Ok, disse-lhe eu. Fui para a
minha mesa e declarei: universo, esta ave veio ao meu encontro, é minha e não
preciso pagar por ela. Horas depois, no final do expediente ele se aproximou
entregou-me a calopsita e pasmem, disse-me que assim que a viu soube no seu
coração que a daria para mim.
O que podemos compreender de tudo isto? Que somos seres capacitados
e responsáveis por criar o nosso próprio entorno. Se o que vivenciamos no nosso
dia a dia não nos agrada, não há a quem culpar. Esta história de que nossa vida
poderia ser melhor se A ou B fosse assim ou assado, se tivéssemos nascido neste
ou naquele país, se fossemos dotados deste ou daquele dom, se tivéssemos tido
as mesmas oportunidades dos filhos de um rico empresário nossa vida seria
maravilhosa, perfeita, excepcional. É assim que as coisas funcionam? O mundo
não seria justo se tudo isto fosse o fator determinante. Quando formos capazes
de compreender a vasta sabedoria que habita em nosso interior e que a mesma,
responde aos nossos pensamentos vibracionais tornando-os realidade em nossas
vidas saberemos escolher e dar lugar aos que são positivos, bem como rejeitar
os que podem ocasionar o mal em nossas vidas.
Experimente chamar à existência coisas simples. Pense na
simplicidade como uma escada à sua frente e, na medida em que avanças, maiores
serão suas conquistas. Bora Tentar?