terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Floresça onde está plantado. Agora são duas flores!

Por Vitalina de Assis.



Meu beijo no esgoto agora são duas flores,  nunca vi nada tão lindo e inspirador! Choca-me ver tanta vitalidade e vontade de se impor,  não  uma imposição forçada daquelas que descem pela goela abaixo doa  a quem doer,  mas   um "Manifesto" pela vida, pelo simples fato de querer viver e ser feliz a todo custo.

Me acompanhe nesta viagem.

Ao observar minuciosamente suas condições percebi para minha surpresa,  que  o mesmo brotara em um pequeno buraco na lateral do poço e não no fundo como era de se esperar.  Com pouquíssima terra e nenhuma  irrigação diária, se nutre das águas pluviais  e uma vez por semana  da água que lava o piso da garagem. Fica  exposto o dia todo ao sol e às intempéries sem nenhuma proteção e cada dia que passa está mais imponente. Tento compará-lo a alguém que conheça e não consigo humanizar sua imagem, parece impossível enquadrá-lo em um personagem real, do nosso mundo real, próximo e tão parecido conosco, isto porque ele se impõe em um ambiente hostil com delicadeza e vigor. Delicadeza porque plantas ornamentais são   frágeis, pelo menos nos dão esta impressão (nossa existência também o é e podemos escolher florir ou não). Vigor  porque mesmo em local inadequado, sem as mínimas condições e contrariando toda regra, cresce a olhos vistos e por seu  esforço e determinação é coroado com belas flores.

Suas flores levaram-me a  pensar sobre o poder que possuímos de influenciar para o bem ou para o mal e aqui cabe um questionamento: onde e como tenho exercido esta influência? Minhas atitudes e comportamento tem sido positivos? Como não pensar no  poder que possuímos  de agregar outros à nossa visão ou ideia, e  principalmente no poder que possuímos para “florescer”, ser um diferencial onde estamos plantados ou inseridos, como queiram.  Estou florindo e permitindo que outros floresçam ao meu redor?

Foi-me sugerido retirá-la e plantá-la em terra firme, mas não sei se devo fazê-lo e   apesar de sentir-me responsável por ela, sei que não está em mim  o poder de prolongar seus dias de existência. Estaria tão forte se em terra firme, em um belo jardim estivesse cultivado? Ou sua situação adversa é o que  lhe confere a força e sutileza para viver e driblar todas as adversidades? Acaso não farei mal maior ao retirá-la ainda que tenha as melhores intenções? Fico dividida entre o observar e tocar, observar e arrancar. Algumas de nossas interferências podem ser danosas, não é mesmo?

Ao observarmos  alguém tocamos em sua vida e podemos conferir-lhes virtudes ou levianamente roubá-las ao tentarmos com nossa atitude, opinião, conselho (de graça ou taxado, necessário ou descaradamente dispensável) impor nossa vontade, nossos preceitos, nossa tosca visão de mundo.

Melhor então observar e deixar que amadureça, que a seu tempo (não no meu) seja capaz de expandir suas raízes, florir afinal.  Somos a única criatura do universo capaz de exercer a imaginação criativa, livre o bastante para sonhar e mudar nosso destino, ou quem sabe apenas florescer e inspirar outras vidas.  E... experimente  ser um beijo, prova viva e incontestável, um totem em celebração e agradecimento à vida

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Não precisou implorar.

Por Vitalina de Assis.




 


Este dia poderia ter começado e terminado como sempre começam e terminam seus dias... Normais, enfadonhos. Sua excitação  misturando-se ao oxigênio e alguns poucos machos sentindo isto na pele e no olfato, no entanto estava claro para ela e isto via-se no seu olhar e gestos que ele seria inusitado, incomum, diria até, despudorado, safado!  

Este dia abrasava, roçava em suas pernas, fazia arder suas entranhas, convidava para o prazer...

No banho percebe suas mãos com vida própria. Na nuca deslizavam apenas as pontas dos dedos. Redesenhavam o contorno do seu pescoço, perdiam-se atrás da orelha e seus dedos ousadamente penetravam em seus ouvidos, um após o outro, e cada um deles gemiam. Gemiam desejo, gemiam paixão.

Agora contornavam seus lábios penetravam em sua boca e eram bem vindos. Entravam e saíam, eram mordidos, lambidos, chupados com violência e esquecidos como se precisassem descansar e aguçar sua imaginação...

Descansados e ousados pressionavam seus mamilos, desciam até seu umbigo, subiam novamente. Lentamente, mais pressão, iam e vinham, tinham pressa.

Novo descanso. Pararam sobre a sua vagina. Excitava-se ao olhar.

Não entendia esta vida própria que os possuía, mas deliciava-se aos vê-los em um movimento ousado e não podia mais conter seus gemidos, seu desejo, sua tara.

Abriu suas pernas de forma provocante e implorou para ser penetrada...

Mas o que é isto? Não se mexem mais? Que desejo é este que imprimem em mim e que se negam a satisfazê-lo? Que louca brincadeira é esta? Não vão me possuir? Excitam-me, me alucinam, se insinuam, me provocam a ponto de perder minha racionalidade e o domínio sobre minhas emoções e simplesmente se vão?

Sua respiração ainda estava ofegante, seu coração batia descompassadamente, seu sexo em chamas e sua mente perdida na fantasia do não acontecido, tenta em vão racionalizar e entender o que se passara.

Ouve a campanhia...

Violentamente é arrancada do seu devaneio. Odeia esta intromissão e insanamente, sem sequer cobrir-se com a toalha, vê-se diante da porta, sua mão gira a chave, toca na maçaneta e abre-a...

Aquele estranho homem com um fogo nos olhos que queima seus lábios, estende sua mão direita, toca na sua nuca e puxa-lhe para um beijo. Nunca sentira um beijo como aquele, doce, suave, envolvente e com tantas nuances e movimentos.

Escuta a porta bater, a chave girar. Seu corpo nos braços daquele que cheira a desejo é envolvido por um abraço que há muito não sentia. Ele move-se livremente e parece conhecer aquele espaço. Estão no quarto, sobre a cama. Abre suas pernas, não precisou implorar.




terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um dia a menos.

                                      
Por Vitalina de Assis
Um dia a menos.   
Outro dia, meu  amigo Weber, desafiou-me a escrever um texto que abordasse esta ideia que não é de fato apenas uma ideia, mas uma realidade da qual muitas vezes não temos plena consciência. Algumas pessoas consideram ao cair da tarde que venceram mais um dia, são as tais que suspiram felizes por terem abatido mais um leão como se a vida fosse um eterno safári e nós caçadores compulsivos. Outros que eu não ousaria chamar de pessimistas terminam o dia com um “lamento” satisfatório de dever cumprido que mais parece um agouro tamanho peso sobre os ombros. Suspiram profundamente e verbalizam em alto e bom tom: Ufa! Um dia a menos!
Provavelmente eu e você já fizemos isto incontáveis vezes sem nos darmos conta de que esta contagem é regressiva, de que não caminhamos apenas para mais um final de semana festivo, mas que um dia a menos, invariavelmente, encurta nossos dias. Já atentastes para isto?  Se víssemos a realidade “cruel” (porém necessária) desta contagem regressiva, certamente atentaríamos para “detalhes” que dada à urgência do viver passam despercebidos e faria toda a diferença se os observássemos.
Não gostamos de pensar na morte, sentimos arrepios quando ela insinua um olhar sedutor e por mais que a repudiemos, a mesma não se ressente e continua a espreitar-nos como uma boa predadora, resta-nos então, seguir seu exemplo de dedicação e aplicarmos este mesmo olhar à amiga, oposto da morte, que mira-nos com apreço e deleite.
Um dia destes ao olhar da janela do meu apartamento, vi uma linda e viçosa flor rompendo a superfície da grade do esgoto como se tivesse sido cultivada em um belo jardim. Aquela visão mexeu com os meus sentidos! A flor em questão era um beijo rosa, e mesmo a uma considerável distância, era perceptível sua viçosidade. Bastou uma mínima porção de terra para gerar beleza em um local tão inadequado. Pergunto-me, se enquanto flor, enquanto “beijo”, se a postura daquela planta (permita-me usá-la como uma metáfora) não teria feito toda a diferença.
Pensar em um “beijo” crescendo entre esgoto, mau cheiro, água suja e uma porção mínima de terra pode parecer impraticável, um contra senso, mas a flor, inconsciente deste fato, prova viva e incontestável, erguia-se como um totem em celebração e agradecimento à vida.
No seu pequeno mundo não se dava conta de viver um dia a menos, no seu pequeno mundo,  o que contava era a diferença de sua inusitável presença em meio ao caos. Mais um dia para ornar, mais um dia para ser grata, mais um dia para vivenciar pequenos detalhes, mais um dia para amar na prática, não apenas em palavras ou sob a responsabilidade do outro. Mais um dia para solidarizar com as pessoas, com o mundo, consigo mesmo.
Pare por um minuto apenas e experimente ser um beijo, prova viva e incontestável, um totem em celebração e agradecimento à vida. E aos nossos irmãos que sofrem com as enchentes, nosso gesto de carinho e atitude e uma prece a Deus.




domingo, 9 de janeiro de 2011

Diferentemente Avessa.

Este ano rompi de forma diferente! Decidi que não iria passar horas refletindo sobre acertos e desacertos, medindo conquistas e derrotas, visualizando oportunidades que deixei escapar e fazendo um esforço enorme para não chorar.  Decidi avessar!  Anos atrás só rompia na igreja e apesar da comunhão com Deus e irmãos, sempre ficava aquele gostinho meio amargo de não ter amado mais, arriscado mais, chorado mais, ( Não! Chorei represas inteiras ao longo do ano, não dava para me afogar mais em minhas próprias lágrimas) então,  nesta virada  decidi que iria dançar e ser feliz a noite inteira. Avessei por inteiro!  Me permiti ser completamente feliz e apenas comprometida com uma noite, (a derradeira do ano) e com o primeiro  dos 365 dias  recheados de  infinitas possibilidades,  com a obrigação de ser imensamente feliz. Não se deve receber um novo ano com menos que isto. Não se deve abraçá-lo sem as vestes do otimismo exacerbado, recém-chegado, o novo ano requer alguns cuidados. Devo confessar que foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. Pisei em 2011 com a sensação e a certeza de "posso tudo" que eu realmente queira.
Quero ser feliz, quero publicar  livros, quero ser e ter  a minha potencialidade totalmente desenvolvida. Quero cumprir e realizar  minha missão de vida. Pode parecer egoísmo um foco tão centrado em mim e nos meus sonhos, mas se não nos realizamos como poderemos ser um colaborador na realização dos outros?

Beijos e avessamente também curtam a vida.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A “VIDA” como ela é.

Por Vitalina de Assis.
(Postei no dia 02/12/10 em Colunistas yahoo, Alessandro Loyola)






Quero neste dia especial fazer um brinde à Vida. Um brinde a esta amiga companheira que tanto nos presenteia e nos surpreende a cada instante. Em alguns momentos é a amiga mais forte e capaz com quem podemos contar , e em outros, frágil e delicada! Por pouco não nos escapa pelos dedos. Quando isto ocorre, quando ela entra no jogo “vou deixar você agora mesmo” e logo nos surpreende voltando sorridente e revigorada, aprendemos no susto e no medo, a devolver-lhe o valor sonegado. Outras vezes não se aprende nunca, ou... o tempo... esgotou-se.

Desrespeitamos na , quando inadvertidamente acordamos pela manhã e não lhe damos sequer um bom dia. (Alguns nem enxergam aqueles que estão à sua volta, são os tais que pela manhã não se pode mirá-los, e gradativamente ao longo do dia vão melhorando.

Minha filha tem um amigo assim: “Não me olhe e nem fale comigo antes 11:00”, e aí, na hora em que voltam da escola, já é todo ouvido e sorrisos e ainda não se deu conta de que está na mira do “a minha vingança será maligna”! Ela jura que irá enquadrá-lo no “gelo” só para que possa provar um pouco de “si mesmo”. Se você também é assim... melhor rever sua postura.

Desrespeitamos na, quando a consideramos “uma qualquer” e não lhe damos o devido crédito e respeito, ou seja, somos displicentes, esquecemos que ela é efêmera , e sendo assim, cabe a cada um de nós sermos gentis o suficiente para que queira gozar de nossa companhia por mais tempo. Por vezes só lembramos de erguer-lhe um brinde de “eu te amo” em datas especiais: aniversário, boas festas e feliz ano novo. Somos assim com parentes, não é mesmo? Mas a vida sendo transitória, algumas vezes poderá se ressentir e jamais, deveríamos condená-la por isto.

Como é mesmo que “blasfemamos” contra ela? Tive um vizinho a “enfeitar” minha infância e que todas as manhãs, dias e horas em que lhe era permitido viver, enchia seus pulmões de um ar tão generosamente doado e lamentava em alto e bom tom: “Ah boresca! (não me pergunte que diabos é isto, nunca ocorreu-me perguntar-lhe) Esta Vida é boa, mas não presta”! Em outras palavras: Ofendia a “Vida” a cada encher dos pulmões. Não me recordo quando foi que a Vida cansou-se dele e de seu sacrilégio. Não quero alongar esta conversa, mas permita-me registrar o que a Vida realmente é:

A vida é assim mesmo! Sabe ser criativa, jovial, inesperada, amiga, turbulenta às vezes, mas especialmente fantástica! Cada dia que nos é permitido viver deve ser comemorado com requintes de "graças" e alegria. Como sempre digo : a Vida é o barato maior de cada ser humano, pena não darmos a ela,  o devido valor e respeito.