quinta-feira, 27 de março de 2014

Ser.


Por vitalina de Assis.



Não é o pensamento que anda disperso em asas incansáveis.
É o ser, que deseja diluir, escapar pela pele, volatizar ao ar,
entretanto, tal ser é uma angústia que dilacera o peito, desconforta a alma, turba o olhar como se o próprio desejasse nada enxergar daquilo que aos olhos salta, e embora fira internamente as paredes do corpo, é no coração  que faz sentir-se como o sol que faz secar e estalar, mas que não cumpre, neste órgão pulsante,  seu primário dever. 

Desejo diluir,
escorrer liquidamente
transparente,
invisível.
Imperceptível, assim me sinto.

Sentir-se desta forma é um desconforto que possui mãos e braços, apropria e abraça. Desta servidão e deste abraço abriria mão, se, em outros braços e abraço diluir pudesse este ser hospedeiro que não sou eu, mas que finge ser. E eu, sem fingir,  sou tudo isto que desejo exorcizar em uma escrita aleatória que possui ânsias de visibilidade na mesma proporção da imperceptividade, que não escorre liquidamente,
transparente,
invisível.
Imperceptível expande no peito que se por hora não explode, pode implodir com tudo que sou.