Por Vitalina de Assis.
Viver
e a nossa concepção de vida, é um exercício individual em meio a
coletividade e a medida em que a vida nos ensina e
vivenciamos este aprendizado, vamos mudando nossos conceitos, abrindo
mão disto ou daquilo, apropriando de novos valores, mudando nossa
conduta, pensamentos e sentir. O que era essencial torna-se muitas
vezes supérfluo, e o que achávamos inalcançável, bate a nossa
porta ... deixamos entrar, percebemos mudanças, somos a mudança.
É
aquele exercício contínuo de tentar manter em ordem o nosso
entorno, para que o nosso interior fique organizado também. Existem
dias em que perco o foco na organização, vou largando uma coisa
aqui, outra ali, relaxo. Fora de mim, observo este comportamento
questionando-me... por que? Penso que pode ser a falta de alguém ou
algo que me exija ordem, entretanto percebo ser isto, um estar alheia
a mim mesma minimizando minha importância. Paro, centralizo-me
e aí consigo me reorganizar. Este é um exercício diário, semanal,
mensal, uma vida inteira.
Inúmeras
vezes deixamos de mirar-nos nos espelhos do sentir, não damos
ou exageramos a atenção a determinadas situações e isto, longe
de fazer-nos bem, coloca-nos a deriva de nós mesmos, perdemos
o foco, ficamos desorientados e vamos sendo arrastados pela
correnteza que impera e convenhamos, ninguém gosta de ser arrastado
desta forma. Correntezas são um espetáculo a parte e algumas vezes,
fatal. Melhor observar, deixar que siga seu curso permitindo que
carregue nossas angústias, este sentir que tanto incomoda e que
possui seu "time". Prolongá-lo em um abraço que
já perdeu seu calor e propósito, diminui consideravelmente nossa
energia. Daí a dificuldade em ordenar o que caótico está.
Viver
também é ter. Ter tempo para si, ter tempo para se permitir, ter
tempo para puxar as rédeas, ter tempo para mudar o rumo do que
cansou o pensamento e viciou princípios. Ter tempo para voltar
atrás, não feito caranguejo que não sabe a que volta. Voltar,
muitas vezes é um reiniciar ao contrário. Nada justifica o medo de
recomeçar e dos escombros, talvez construir algo novo ou ainda,
conjugar o desapego, sacudir a poeira, seguir sem culpa. Ter tempo
para possuir coisas sem amontoá-las desatinadamente como degraus de
uma escada, que não leva a lugar algum. Possuir não deveria ser um
fim em si e embora, orgulhosamente caracterize propriedade, do que é
mesmo, que somos "senhor"?
“Louco!
esta noite te pedirão a tua alma;
e
o que tens preparado, para quem será?”
Nada
levaremos deste mundo, a não ser o que conseguimos interiorizar e
que melhorou-nos como pessoas. Por aqui, ficam as nossas vestes, nosso
pó, nossa máscara.
Um bom texto sobre a vida e o modo com escolhemos vivê-la. Gostei de ler.
ResponderExcluirBeijo.
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ResponderExcluirFantástica, como sempre.
Beijos,
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Eu não tenho saudades do que passou,
ResponderExcluirmas de fazer tudo de novo, ah, isso eu
tenho...
Beijos, amiga.
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