Por Vitalina de Assis.
"Maturidade
é ter a capacidade de viver em paz com o que não se pode mudar".
(Autor desconhecido)
Talvez
muito, desta suposta "maturidade" seja mera acomodação.
O "viver em paz", pode ser uma ferida já cauterizada pelo
tempo e lida, um incômodo que venceu-nos, um passe a régua,
uma aderência que somou. Sendo assim, escolho o
que bem definiu Fausto Guedes, em seu poema: Amar ou odiar.
[...]
A alma tem d’estar sobressaltada
P’ra
o nosso barro se sentir viver.[...]
[...]
E quem quiser a alma sossegada
Fuja
do mundo e deixe-se morrer.[...]
Maturidade
para mim está para ânsias, sobressaltos, expectativas. Um
rejuvenescer de ideias e sentimentos quando tudo ao redor, parece
ressequir. Não pode ser a maturidade um convite para um outono sem
fim, um amarelar sem consequências. Se secam os sonhos
de mudanças, hão de florir e frutificar fartamente na imaturidade
da existência. Tudo é transitório e temporário e nada é
exatamente o que parece ser. Por ângulos diversos enxerga-se
diferentemente o igual de todos os dias, o que na realidade,
igualdade alguma possui.
Há
novidade debaixo do sol. O ar que agora enche meus pulmões e
que expiro em segundos, desconhecido é ao ar que inspiro. Isto é
viver e viver é uma arte transitória. Quem considera possuir uma
vida inteira para realizar seus projetos, pode perceber no meio ou no
início de sua travessia que o tempo, nem sempre parceiro,
segue a passos largos, impossível acompanhá-lo e, embora por
um tempo finja mover-se ante nossas retinas, basta apenas
uma curva e saiu de foco e o eu idealizador, saiu de cena.
Viver em
paz com o que, teoricamente, não se pode mudar, é viver o óbvio, é
aceitar passivamente a intervenção que dói, enquanto fingimos não
doer, sem contudo ignorar a dor. Dói. Uma dor anestesiada com ares
de necessário e necessário, seria? Sentir, aceitar, abrigar
intimamente, esconder?
Seria balançar na rede, que próxima ao chão, sequer
imagina-se gangorra? Não sabe o que é sentir o vento,
lançar-se cada vez mais alto, imaginar voar. Na rede, levantar o
olhar é atentar para a superfície e observar suas saliências,
cuidar para não cair. Enxerga-se o horizonte quem somente olha para
o chão? Olhar e enxergar, olhar e apenas ver, maturidade da visão de
quem aprendeu a discernir entre um e outro e, soube optar.
Olá Vitalina.
ResponderExcluirTexto perfeito.
Abraços,
Silvio
Oi Silvio.
ExcluirObrigada pelo elogio. E se o meu texto proporcionou inquietações, dou-me por satisfeita.
Beijos,
Vi.
Um texto para meditar.
ResponderExcluirPenso que viver em paz é reaprender todos os dias a aceitar as nossas fragilidades e as dos outros...
Um beijo.
Oi Graça.
ExcluirMuito bom te encontrar por aqui. A meu ver, viver em paz implica em muitas coisas, e todas elas tem a ver com nossas experiências e a maneira de encararmos a vida. E como disse o poeta e se não disse, digo eu, rs, viver é uma dádiva, é como olhar para a mais modesta flor e se encantar. Tem "olhar" que se ficar perdidos em meio a rosas, será incapaz de enxergá-las, sentir seu perfume ou mesmo admirá-las. Será isto, fruto de uma imaturidade que com sorte, amadurecerá? Amadureçamos pois.
Beijos e muito obrigada pelo carinho.
Vi.
.
ResponderExcluirEu vim deixar e buscar
um beijo.
.
Leve quantos beijos desejar, amigo poeta. É sempre uma honra tê-lo por aqui.
ExcluirBjs.
Eu continuo ao seu redor.
ResponderExcluirUm beijo e até lá.
.
Hoje, 2 de outubro é o dia do
ResponderExcluirmeu aniversário, sabia? Por
isso eu tomo para mim as
palavras do texto.