Por Vitalina de Assis.
Debulhar meus
sentimentos trará minha verdade de forma clara e se posso dizer, absoluta. Não.
Não serei tão soberana em minha análise, mesmo porque, ninguém poderá de fato
ter uma verdade absoluta sobre o que quer que seja, haja vista sermos passíveis
de erros em nossa análise, entretanto, se já me compreendo, aceito e reconheço-me,
posso me sentir feliz neste processo.
Desejo fazer menção a
uma lei que foi promulgada em 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre que
considerava livre, todos os filhos de mulheres escravas nascidos a partir da
data da lei, ou seja, seus filhos não carregariam sobre os ombros o jugo da
escravidão, seriam livres. Acredito que cada um de nós, em determinada época de
nossas vidas, deveríamos promulgar semelhante lei sobre nossos sentimentos e
liberta-los de todo o peso, enfado e desengano. Quantas e quantas vezes terão
os sentimentos, o encargo sobre humano de carregar sobre seus ombros, um jugo tão
desleal e impróprio?
Meio século de
existência parece-me pouco para sobrecarregá-los desta forma. A incompreensão e
o desconhecimento sobre meu eu mantiveram-me escrava e a eles também, mas
mergulhar densamente a procura da minha verdade trouxe-me a liberdade. Disse
Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade, vos libertará”. Que conhecimento é este e que verdade é a
chave para a minha libertação? Toda verdade pessoal é empírica, e não será necessariamente
a verdade do outro, uma vez que somos seres únicos, assimilamos distintamente
e carregamos vivências que moldaram nosso caráter e nossa forma de ver e experienciar. Somos seres tão complexos e ao mesmo tempo tão simples. Vamos
aprendendo no dia a dia, no cansaço ou na leveza que a vida nos impõe e o
cansaço está para a leveza, de quem ousa despojar-se. Quanto mais me pesam os
ombros, mas tenho necessidade de aliviar a carga.
Promulgo e assino esta
lei que vai outorgar-me liberdade e o desapegar que necessito, para seguir livre
de peso excedente e totalmente consciente das minhas reais necessidades, ou
seja, visualizo com uma clareza gigantesca todo este universo (entenda
por situações criadas na minha mente e toda esta confusão emocional) que me envolveu.
Nada é absolutamente
novo em uma relação, pois em um relacionamento, não se trata do
outro, se trata sempre do "eu", ou seja, de como "eu" me relaciono
inicialmente comigo, como vou espelhar isto no outro e o valor das minhas
expectativas. Percebo que um relacionamento é uma oportunidade ímpar de se
conhecer, de agregar valores e principalmente o reconhecimento de nosso real
valor. Como aceitamos uma relação, como administramos e quanto estamos
dispostos a lutar por ela, se empenhar, dá o grau de sua relevância. Entretanto,
analisando um pouco mais, percebo que lutar ou não lutar não desvaloriza aquilo
que deixamos. Tudo há de ter o seu tempo, mas tudo há de ter também sua
consistência.
O valor está na
prática de um comportamento recorrente, e aqui sim, cabe uma análise rigorosa e
sincera. Qual é a natureza do meu espírito? O que prioriza meu ir e vir? Como
me comporto quando a insatisfação, comodismo ou uma preguiça extrema de viver,
se me apresentam?
Preciso sair de mim e
enquanto ausente ser expectadora, assistir-me, enxergar o meu mover sem estar
envolvida.
Estou consciente de
que estou consciente e estando assim tão autônoma e fora de mim, posso trocar a
fala, sentimentos e atitudes como se
troca de roupa, um exercício tão comum e necessário. Asas de mim, liberdade.
Minha Amiga, promulgo e assino consigo "esta lei que vai outorgar-me liberdade e o desapegar que necessito, para seguir livre de peso excedente e totalmente consciente das minhas reais necessidades".
ResponderExcluirGosto do modo como questiona e se questiona. Vai ter asas e voar até perder as sombras...
Uma boa semana.
Beijos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOi Graça.
ExcluirQue bom que a nossa fase casulo, assim como na natureza, tem seu tempo determinado e possuir asas é uma realidade que nos alcança em tempo propício. As sombras vamos deixando pelo caminho.
Muito obrigada. Felicidade plena para ti. Bjs.
Muito belo querida amiga ,a liberdade que nos liberta ,beijinhos no coração.
ResponderExcluirOi Emanuel.
ExcluirObrigada por sua presença constante.
Que haja sempre momentos em nossas vidas em que o primordial, seja abrir as asas e voar.
Bjs.
Tornando-nos expectadores de nós próprios, possamos ter uma noção de quão mal ou bem façamos ao próximo! Parabéns.
ResponderExcluirOi Renim.
ExcluirMuito obrigada por seu comentário. É verdade, como expectadores de nós mesmos e de nossas atitudes em determinadas situações e porque não todas, nos torna mais conscientes. Estar consciente demonstra o quanto estamos avançando em nossa melhoria como pessoa.
Abraços.
Sabes, Vi, quando acabei de ler o teu excelente depoimento, lembrei aquela frase do filósofo :"Penso, logo, existo." Depois, as tuas divagações são matéria para um livro de "auto-ajuda" porque teces considerações muito sérias.Porque precisamente pensas no que muitos/as pensam e não se expressam.
ResponderExcluirTodas fomos escravas/os algum dia. Sim , escravos. Sei que o contexto será diferente mas , como sempre, o que escreves, dá pano para mangas...
Beijinho grande!***
Oi Manú, minha linda amiga.
ExcluirÉ sempre uma alegria muito grande receber um comentário seu, uma honra, para ser mais exata.
Tenho uma amiga nos Estados Unidos, que disse-me exatamente isto, que eu poderia ajudar muitas pessoas escrevendo livros de autoajuda, veja o que ela disse: "o livro de autoajuda mais eficiente que existe, é aquele que o autor é o protagonista da própria história, no livro de autoajuda o autor conta a própria experiência encima, no decorrer da sua própria caminhada, tem pessoas que tem preguiça de tentar passar pelas mesmas experiências, talvez por medo de tentar lutar por pela própria independência, aí é onde o livro de autoajuda entra em ação, tem milhares de pessoas que vão pelos caminho de autoajuda." Acredito que ela está certa e já estou trabalhado em prol disto.
Tem algumas amarras das quais preciso me desvincilhar. "Liberdade ainda que tardia". Bjs.
Muito obrigada pelo carinho.
Oi Alexandre, amigo de longos anos e terra distante.
ResponderExcluirQue bom que voltou a blogar, aprendemos muito com o seu trabalho, que é excelente e vamos conhecendo um pouco mais desta bela terra. Ainda vou andar sob as cerejeiras, com certeza.
Nosso país está passando por uma sangria sem precedentes, e acho que ninguém de fato sabe diferenciar o certo do errado. Cauterizaram nossas mentes, e alojou-se uma "inconsciência coletiva". Espero que Deus intervenha, já que não sabemos mais com quem está a verdade. Temos um país maravilhoso, riquíssimo e ficamos sonhando com outra nação por conta deste quadro político vergonhoso. Enfim, espero piamente por dias melhores.
Muito feliz por vê-lo por aqui e obrigada por tão gentil comentário.
Abraços e muitas felicidades. Sorria sempre.