terça-feira, 19 de março de 2013

Vai-te!

Por Vitalina de Assis.






A solidão, muito presente nos dias atuais, assume ares de celebridade e insiste em ser amiga íntima, quase inseparável,  de pessoas comuns. Está presente em todas as camadas sociais e não é privilégio apenas para os descasados, para os que terminaram um relacionamento a dias ou a tanto tempo, que só restou dias incontáveis, ao assumirem a proporção de infinito.

Por mais que busquemos na memória, não nos recordamos mais de dias felizes em boa e indispensável companhia. A Solidão seduziu-nos...cedemos aos seus encantos e nesta simbiose sem benefícios recíprocos não mais nos reconhecemos, mas até quando? Não nos enganemos, estar pareado não significa não estar só. Já viveu um relacionamento em que o outro, presente sob o lençol, no café da manhã despertando-nos, no almoço se comunicando, no jantar descansando o olhar, entre uma notícia e outra em olhos desatentos, falando de frivolidades do dia ao cair da noite? E outra vez sob os lençóis aquecendo os pés, tomando nosso espaço, apossando-se de  nosso travesseiro... e no meio da noite ou do dia, você se pega na mais perfeita solidão e abandono?

Como não foi possível dividir pensamentos? Compartilhar angústias, problemas no trabalho, as injustiças do chefe e quem sabe, novos sonhos e desejos? Tão perto e tão alheio, duas distãncias que se grudam não seria a mais cruel das antíteses? É esta solidão que machuca, que rói por dentro, que desestrutura os alicerces de qualquer empreendimento a dois, de qualquer projeto a curto e longo prazo. Que inviabiliza a realização de sonhos, que impede o passo seguinte, a próxima curva, a mais longa e nova aventura. De repente estamos falando, gesticulando, amando, procriando, buscando o prazer sozinhos! É possível tocar quem está ao nosso lado, mas é impossível sentir seu calor, seu cheiro, sua empatia. Nossa relação, outrora forte por comportar uma cumplicidade, torna-se ainda mais forte para albergar uma solidão crescente e desafiadora. Nos tornamos a soma total de todos os vãos à nossa volta. É esta a solidão que impera em nossos relacionamentos? Se for um sonoro sim,  a resposta, o que fazer então?

Não acredito no futuro saudável de uma relação deste porte, haja vista muitas delas terminarem antes de nos darmos por vencidos, sendo assim, se já era, por quê nos prendermos ao passado como se à nossa frente não nos acenasse um futuro brilhante? Ficar só, ser trocado (a) como se troca uma roupa,(talvez esteja mais do que na hora um novo modelito) pode não ser o fim do poço (e nem a isto se propõe, acredite!) ou a mais triste assolação que "finge" possuir poderes de abate. É certo que ficamos meio lost e ilhados, (p. da vida) mas convenhamos, nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Cabe a mim, somente a mim, delegar-lhe ou não, este suposto poder.

Sendo assim, decida-se por um novo olhar, considere ser este o início de uma escalada ao topo do seu sucesso pessoal, (está mais do que na hora de priorizar seus interesses) ao arregaçar das mangas, e ao que considero imprescindível, uma dádiva - resgatar sua própria identidade. Acredite mais em si, invista em seus projetos, em sua carreira. Afinal, “levanta, sacode a poeira, dá volta por cima” pode não ser apenas mais uma canção.

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