Por Vitalina de Assis.
E assim ela
percebeu que o muito pensar e analisar emoções podem não ser o caminho que
conduz a uma paz interior. Mas o que fazer com todos estes sentimentos
conflitantes que abriga no recôndito de seu ser? Ignorá-los seria o suficiente
para afastá-los de vez? Tentou não pensar, tentou bloquear as emoções, decidiu
sorrir. Deixou um sorriso flertar em sua face, sentiu uma leveza pousar sobre
seus ombros, moveu seu corpo, relaxou pescoço e ombros - vestiu-se
de paz. Fechou os olhos e decidiu escrever no escuro de suas pálpebras. Às
vezes precisamos de poucos minutos para tornar-nos ausência em tudo o que
realmente não somos e deixar fluir nossa verdadeira essência, essa que brilha e
que, não poucas vezes, ofuscamos momentaneamente seu brilho.
Mais um dia se
foi e outro igualmente chegou, amanheceu em outro tempo, outra luz da manhã
incidiu sobre ela, e deu-se conta de que a leveza ainda estava ali. Constatar
este fato desconcertou-a. Sentir-se mais leve não era seu costumeiro espírito.
O que mudara afinal? Questiona sua mente em uma lógica que não
equacionou-se em seu sentir. Ah! Os seus sentimentos - deu-se conta
de que uma simples atitude, uma troca de pensamentos alterou a superfície do
seu sentir. Apenas isto? Questionou seu espírito. Mais um pouco e refletiu que
qualquer mudança, por mais insignificante que pareça, já coloca em curso um
movimento.
Ontem trocou
de lugar sua mobília da sala de estar, deslocou o sofá para a parede oposta e a
televisão seguiu o mesmo rumo, as cadeiras de apoio giraram sobre seu próprio
eixo e lá se foram para o outro lado, e não é que parecem mais altivas? Ela
jurou nunca ter reparado o quanto eram sóbrias e não apenas lindas, afinal o
preço que pagou por elas, por si só, já era um grande presente. Muitas "ofertas
relâmpagos" nos parecem apenas isto, pechincha, e deixamos de enxergar os
detalhes, os grandes detalhes. Alguém se incomodou com você e preparou tudo
isto, separou com carinho, combinou horário, preço e sem um motivo específico
lá estão seus pés a conduzir-te e seu olhar estrategicamente brilha sobre algo
especial. São coloridas, flores no encosto, no assento e uma madeira lisa e
reluzente a dar-lhe a forma. São lindas e uma felicidade despretensiosa a
envolvê-las contagia todo o seu ser. Será possível? Só custa isto?
Perguntou para a jovem vendedora que sorriu-lhe ao dizer:
- São suas e
estão prontas para mudar-se para sua casa. Já consigo vê-las compondo
lindamente sua sala de estar. E uma piscadela foi o suficiente para que ela não
pensasse duas vezes, não possuí-las estava fora de cogitação. Sabe quando
conhecemos alguém e é como se o conhecêssemos a vida inteira? Era esta a
sensação que lhe vinha à mente, uma familiaridade e conforto a encher-lhe a
alma. Naquela tarde foram entregues e ela sentou-se em uma, pulou para a outra,
tirou fotos, fez infinitas selfies, estava visivelmente feliz.
Uma brisa leve
esvoaçou a cortina e a trouxe de volta ao seu quarto, sentiu o aroma de café
que sabia vir do apartamento ao lado, conferiu as horas e agradeceu pela paz de
um novo dia.
Que belíssimo momento querida amiga ,muito cativante do princípio ao fim ,muitos beijinhos no coração felicidades
ResponderExcluirBelo pensamento prima. Expectativa e satisfação pessoal ...alimento da alma.
ExcluirE agradecer o que de bom nos acontece e o que de menos bom
ResponderExcluir... se resolve é uma benção!
Gostei de ler!bj
VITALINA,
ResponderExcluirtexto irretorquível, absolutamente pasmo com sua capacidade e competência de nos brindar com textos desta natureza.
Lá no FALANDO SÉRIO, o qual você me honra em ser minha seguidora, publiquei " RECARDO PARA ADRIANA",e gostaria da sua visitação e possível comentário.
Um abração carioca