terça-feira, 14 de maio de 2013

Corroída, ainda forte.



Por Vitalina de Assis.


Falta de novidades tendem a silenciar-nos, compartilhar o quê? A mesmice  cansou-nos e permanece irredutível? Entretanto, nada é igual ao ontem e engana-se quem imagina que os dias são os mesmos, que os sentimentos se repetem e que tudo permanece no seu devido lugar. A brisa que soprou, o vento que moveu folhas secas, a chuva que aquietou a poeira e amansou sensações, não volta a soprar, não volta a mover, tampouco se reinventa. Simplesmente segue seu caminho sem   prender-se ao passado, aliás,  faz questão de cortar as amarras. Prender-se ao passado? Fazer roer em lembranças infrutíferas, a corda que pode ser meu salvo conduto para emergir de lugares sombrios? Melhor lançá-la ao futuro, prendê-la em sonhos que sairão da inércia presente.

Viver focado somente no "agora" é tolice de quem que,  como a cigarra da fábula , desejou apenar cantar e encantar-se com seu próprio mantra, ao passo que a formiga, soube usufruir do canto sem contudo cruzar braços na contemplação.  Quantas horas, dias, meses, anos,  escorrem ladeira abaixo enquanto a urgência do momento nos aprisiona em movimentos que não chegam a lugar algum? É  tempo que perde o docente que finge fechar os olhos, enquanto fingimos não colar? O tempo acha graça de nossa ingenuidade, vira o rosto e sorri  e o resultado, dirá o tempo em tempos perdidos: impossível recuperá-los. O aprender se torna efetivo na prática e tantos outros, na prática, nunca se aprende. Em meio a eles, a compreensão que se achega um dia, é martelo a ditar  sentença: Tarde demais! E nós? Nas mãos,  o fiapo de corda corroída ainda é forte, o suficiente, para prender-nos ao passado.

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