sexta-feira, 24 de junho de 2016

Sente





Sente

Por Vitalina de Assis. 

 


Pareceu-me uma arte.
Puramente obra de arte
Pareceu-me obra de artífice
Sem igual poder entre homens


Que humanas mãos e falhas poderiam
Em séculos de existência
Reproduzir tal feito?
Criar tamanha arte? 


Sorriu minh'alma
Achou graça da falibilidade
De artífice que vive aqui ou ali
Que hoje respira
E amanhã termina
Em um sopro
Um suspiro
Folha seca
Varrida ao vento


Evoquei
Se tuas obras ficam
Podem por capricho do destino
Extinguirem-se também


Mas este poder
que a tudo desenha
Que às ondas dá vida
Que aos céus
Pinta cores sem igual
A este Poder
Reverencio


Passa o mar
Passam as cores
Cala o vento
Cessam os amores
Não filma ninguém


O Poder?
Ah! 

Este Poder?
Não se explica
Sente.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Mudança.





Por Vitalina de Assis









O que dizer de sua vida?
Teria tamanha sequidão
histórias a contar?

Mirei o olhar em dias idos
Ouvi vozes perdidas no tempo
Vento, sussurro, silêncio

Se ninhos abrigastes
Em teus galhos
Cantou a  vida

Hoje muda melodia
Abandono é sua sina
E rente a ti
Canta a morte

Tua quietude
Minha alma inquietas
Vejo guerreira
Tua força extinguiu

Extingui nossos dias
Se esvai nossa força
Imperceptível caminha a morte ao nosso lado
Perceptível mudança pareia 

Viver
Dia após dia
É recompensa maior

E se o ceifeiro
Se apressa a colher o que sente restar
Nossas fartas mãos
gentilmente a Deus agradecem

Se nossos galhos a estalar estão
Falta-nos o tempo
e apurado olhar

Nossos galhos também secam

Nossas folhas ficam pelo chão

E os frutos? Deleites na pele? Arrepios?

Do cheiro e sabor
Doce lembrança
Toque sutil
Assombra dias corridos

Vejo guerreira
Tua força mutou
Se em viçosa lida
Sombra e frutos repartias
Em sua honrada despedida
Minha vida 
inquietude inconformada
Sente o vento 
suas folhas caem
não sopra mais

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Amor?

 
Amor?
 
 







Como aroma incensário,
perfuma recônditos
e se...
possuis a felicidade de ir além
incendeia a alma
que por segundos
finge tocar a eternidade

mas

se esvai

logo.


Eternidade que se preze,
intocável é à nossa efemeridade.

No silêncio, os dias passam e com ele, o tempo.


terça-feira, 15 de setembro de 2015

Avidez.


Avidez

Por Vitalina de Assis.






Sob escaldante sol
sua clara presença
esvoaça ao vento
balança feito rede
vazia
sozinha?
nem tanto
moldura para corpo abraçar
abraçaria

Observasse olhar ao longe
juraria em seu regaço
um corpo quente abrigar
e abrigaria por certo
e balançaria por certo
e o vazio
a sentir-se completude
transbordaria

Meus olhos
ávidos
de observar a claridade
que balança feito rede
emoldura o corpo

e ...

minha alma
carícia plena
desfrutava

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Mona, atualiza Monaliza.



Por Vitalina de Assis.


Milhares de Monas
cansadas dos pinceis a pintar singeleza
ousaram dizer:
basta Leonardo!

desejam tatuar no corpo
sinais que as distingam
marcar o rosto
e tímido sorriso
com cores da modernidade
piercing a sentir aromas
outros
no centro do ser
cordão há muito cortado
reivindicam

” libertas quae sera tamem”

jamais será tardia
a liberdade que se deseja
e enquanto sopra a vida
instigas a autonomia do ser.