terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vá!






Poderia ter acontecido com Paulo...
Poderia ter acontecido com Maria...
Poderia ter acontecido comigo...
Poderia até ter acontecido com você...
Acontece,  neste exato momento com cada um de nós?

Lázaro estivera morto por quatro dias, a "impossibilidade cadáver em pessoa" de voltar a viver, enxergar, sorrir, ser feliz e uma impossibilidade ainda maior de, uma vez "livre", poder decidir seu caminho. Lázaro morto representa muitos de nós que vivemos uma vida inteira com pés e mãos enfaixados com tiras de pano, tal qual o elefante preso por uma fina corda, vivendo a falsa impressão de que um cabo de aço, o acorrenta. A cabeça enrolada com um pano, como se um fino tecido pudesse aprisionar os sonhos que geramos nos pensamentos. Não pode!

"E o morto saiu. Os seus pés e as suas mãos estavam enfaixados com tiras de pano, e o seu rosto estava encoberto por um tecido. Então Jesus disse: - Desenrolem as faixas e deixem que ele vá”. Em outras palavras, Jesus ordenou: Deixai-o ir libertado. Libertado do quê? Da morte que o degustou por quatro dias? Da morte que sepultou seus sonhos e desejos de liberdade? Da morte que impôs sobre ele,  limitações intransponíveis? Até onde vai de fato o poder da morte?

A morte física sepulta nossa "casa temporária", devora nossa "casa" que ao pó, retorna. Um retorno inevitável, aliás, a única certeza que possuímos de fato, cedo ou tarde demais ela vem para todos. Mas, o que dizer da morte a qual nos sujeitamos diariamente, como se fosse o caminho mais seguro a ser trilhado? Voltamos constantemente o olhar ao passado, passeamos por suas ruelas como se fosse possível refazer alguns caminhos, omitir algumas atitudes, recriar o "in criável". Regressamos ao pretérito, para uma nova conjugação? Jamais! Não nos foi dado tamanho poder ou loucura, mas insistimos no "ontem", negligenciamos o agora e não damos crédito para as novas possibilidades que não estão congeladas em um futuro incerto, mas estão vivas e aquecidas no hoje, são as tiras de pano e o tecido enrolado na cabeça a encobrir o rosto que já foram retiradas: "Deixem que ele vá, deixai-o ir libertado". Não em liberdade, pois liberdade não é sinônimo de libertado, liberdade, qualquer um pode exercer ou desejar em menor ou maior intensidade, agora, estar libertado,  é uma condição e não apenas mero desejo.

Liberdade é uma chama que, se protegida do vento que assopra fingindo aliviar e curar como uma mantra hipnótico, à salvo do pano faixas, camisa de força a prender em cavernas mentais  sepulturas , tornar-se-á uma ação imperativa: Vá libertado!


2 comentários:

  1. .


    Eu estava morrendo de
    saudade de você, de sua
    escrita e das visitas
    que já não faz à minha
    casa.

    Parabéns pelo texto e
    beijos. Muitos beijos.





    .

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  2. Oi Silvio, que bom te ver por aqui. Tenho andado meio sem tempo, nova função no trabalho, maiores cobranças, rs.

    Publiquei recentemente alguns poemas em uma Antologia Poética - A palavra convida - iniciativa da Bárbara Editora de Blumenau. Estou trabalhando com os livros e preparando um "solo".

    Te visitarei com certeza.
    Bjs.

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