quarta-feira, 16 de abril de 2014

Morte, não!





Dor que constrange
ao nada remete
entorpece min'alma
faz dormir meus sonhos e
me embala em noites frias,
intermináveis

Eu já sei que não quero ser morte
mas quero caçar a vida

Quisera ser dia minha noite
de raios límpidos iluminar recantos
expulsar o inespulsável
que “senhor”
ostenta título de propriedade

Eu já sei que não quero ser morte
mas quero caçar a vida

Quisera deste abraço
de longos braços
 livre ser e  prender.
        
Se possível fosse,
tão só não seria
contar estrelas
contar grãos de areia
e gozar na praia de sonhos poéticos

Eu já sei que não quero ser morte
mas quero caçar a vida

que,
se esconde
apenas brinca,
entre marés
que sobem e descem
recuam e avançam
impertinentes ondas,
idas e vindas do coração
alimentam minha dor.

Um roçar profundo e sincero.




Aquela mútua compreensão transcendia
um simples gesto, 
um roçar profundo e sincero
era capaz de afugentar  medos  e incertezas futuras.

Em silêncio falavam de dias por vir,
das brincadeiras, você joga e eu busco,
das confidências...  juro fazer segredo
se silencias, te ouço com a mente
do nosso  jeito,
um roçar profundo e sincero

Em silêncio falavam de fidelidade,
ninguém tocará em você
sua vida, com a minha defendo

Em silêncio falavam de cumplicidade,
se alegras, sorrio
se choras, te compreendo
se isolas,
vou junto, te olho, te vejo

Quando saires,
juro abanando em sorrisos
te receber feliz
uma alegria tamanha!
Satisfação crescente em rodopios suaves
feliz por te ver, feliz por te ter tão minha

Uma promessa? 
Precisa entre nós?

Não deixarei  que te magoem
Cuido de ti! Cuidas de mim!
Pequena criança,
gigante cão,
um roçar profundo e sincero
um amor sem igual.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Aprendi.




Tenho que deixar passar algumas tormentas para enfim abrir meu coração, sem que ouça a porta ranger. Rangidos incomodam quem, no silêncio da alma repousa e o silenciar-se, é unguento em dobradiças coronárias doloridas, inflamadas. "Deixo-te por hora, aquieta-te"! Aquieto. 

Busco outra saída, uma janela? (Janela é um mundo para quem deseja apenas observar.) Diante da impossibilidade de tamanho êxito, um recolhimento dará conta de tudo a seu tempo. Engana-se quem pensa que o tempo não se encarrega de colocar ele próprio, as coisas nos seus devidos lugares, porém maior engano pratica, quem pensa ser ele, um milagroso remédio para todos os males. Descobri na forçada quietude e em lágrimas não contidas, o bálsamo a libertar angústias como se libertam espontaneamente a seu tempo, borboletas do casulo. 

A angústia pode ser bela e colorida entre flores opacas, em campos inférteis, semeadora de sonhos. Há de se aprender confiança como se aprende a tolerar os rangidos, (podem até soar musicais para ouvidos treinados) como se aprende a forçar a porta, (sem contudo arrombá-la) como se aprende a sair pela janela e ganhar o mundo - universo de tudo que sou fisicamente, totalidade do espaço no qual ouso expandir e no tempo que gerencio.

Aprendo! Aprendo que todas as coisas possuem dimensão e limite, todas as coisas são mutáveis e agentes de transformação. Algumas impostas e tão suscetíveis a um não, que ficamos paralisados ante a possibilidade  de causar-lhes "certo desconforto" com a nossa resistência, então, passivamente aceitamos suas imposições. Ficamos à mercê esperando que dimensão e limite cansados, afrouxem o domínio por si só e no afrouxamento do rigor, nos fortaleça na pacífica ilusão de que foi nosso, o basta decisivo.

Pouco importa na verdade isto ou aquilo, meu ou do outro, quando nos sentimos livres, (porque quem ou o que nos aprisiona, não o fará para a vida toda) abrem-se as grades, soltam-se as algemas em um dia qualquer. De repente nos damos conta de que aquela angústia tornou-se bela e colorida, borboleta semeadora de sonhos, e os campos, cultivados, já dão sinais de que a vida brota entre pedras, espinhos, areia, terra e mar. Tão infalível como a noite precede o dia, todas as coisas acomodam-se nos lugares devidos, tudo a seu tempo. Ainda que minha ótica visualize um tempo sem horas, sem minutos, sem segundos, sabe bem o tempo, o tempo certo.

A vida acaricia com movimentos suaves minha existência, seu afago em minha pele e dedos, que por minha nuca buscam meus cabelos, proporcionam a dimensão exata da importância do meu ser e denunciam que basta apenas um toque para aclarar, todo sentido que não compreendo. Tocou-me! Tal toque concedeu-me perícia para conquistar outros níveis e agora em uma fase onde impera a tranquilidade, notas musicais ouço ao abrir as portas. Ranger...não mais, não por hora.  Compreendo que se mudam os sentidos , muda-se a trajetória e o destino... outro... diviso. 

Aprendi!

Completamente.




O tempo passando
A saudade insistindo em  ficar
A vida seguindo
o seu caminho encurta dia a dia

A doce esperança do não vivido
Forte alimenta
Enfraqueço

Na fraqueza busco a força
Sem encontrá-la definho no sonho,
Na esperança de um dia ter-te
Seria ousado de minha parte querer-te tanto?

Faltou o encaixe final, permaneça o óbvio
Sou tão sua!
Toda sua!
Completamente nua!

Tão?

Não serei assim de mais ninguém.

Desmemória.



Seu nome
não mais ecoa em meus sentidos
como sussurro inaudível
sinto apenas uma brisa
que insiste em acalentar um sonho
que se perdeu em um amanhecer tardio
porém certeiro ao anunciar um novo dia

Seu nome
agora miragens mortais sem a foice da morte
não mais ceifa meus sonhos
sequer pode mirá-los em sombria noite

Do seu nome
restou apenas uma lembrança que a minha alma lavou
o que a alma assim lava
o tempo trata de secar no esquecimento

Seu nome?
Sequer esqueci na memória.