quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Mudança.





Por Vitalina de Assis









O que dizer de sua vida?
Teria tamanha sequidão
histórias a contar?

Mirei o olhar em dias idos
Ouvi vozes perdidas no tempo
Vento, sussurro, silêncio

Se ninhos abrigastes
Em teus galhos
Cantou a  vida

Hoje muda melodia
Abandono é sua sina
E rente a ti
Canta a morte

Tua quietude
Minha alma inquietas
Vejo guerreira
Tua força extinguiu

Extingui nossos dias
Se esvai nossa força
Imperceptível caminha a morte ao nosso lado
Perceptível mudança pareia 

Viver
Dia após dia
É recompensa maior

E se o ceifeiro
Se apressa a colher o que sente restar
Nossas fartas mãos
gentilmente a Deus agradecem

Se nossos galhos a estalar estão
Falta-nos o tempo
e apurado olhar

Nossos galhos também secam

Nossas folhas ficam pelo chão

E os frutos? Deleites na pele? Arrepios?

Do cheiro e sabor
Doce lembrança
Toque sutil
Assombra dias corridos

Vejo guerreira
Tua força mutou
Se em viçosa lida
Sombra e frutos repartias
Em sua honrada despedida
Minha vida 
inquietude inconformada
Sente o vento 
suas folhas caem
não sopra mais