Por Vitalina de Assis
O que dizer de sua vida?
Teria tamanha sequidão
histórias a contar?
Mirei o olhar em dias idos
Ouvi vozes perdidas no tempo
Vento, sussurro, silêncio
Se ninhos abrigastes
Em teus galhos
Cantou a vida
Hoje muda melodia
Abandono é sua sina
E rente a ti
Canta a morte
Tua quietude
Minha alma inquietas
Vejo guerreira
Tua força extinguiu
Extingui nossos dias
Se esvai nossa força
Imperceptível caminha a morte ao nosso lado
Perceptível mudança pareia
Viver
Dia após dia
Perceptível mudança pareia
Viver
Dia após dia
É recompensa maior
E se o ceifeiro
Se apressa a colher o que sente restar
Nossas fartas mãos
gentilmente a Deus agradecem
Se nossos galhos a estalar estão
Falta-nos o tempo
e apurado olhar
Nossos galhos também secam
Nossas folhas ficam pelo chão
E os frutos? Deleites na pele? Arrepios?
Do cheiro e sabor
Doce lembrança
Toque sutil
Assombra dias corridos
Vejo guerreira
Tua força mutou
Se em viçosa lida
Sombra e frutos repartias
Em sua honrada despedida
Minha vida
inquietude inconformada
inquietude inconformada
Sente o vento
suas folhas caem
não sopra mais