quinta-feira, 14 de junho de 2012

Por hoje.

Por Vitalina de Assis.



 Estou de mãos dadas com a desesperança, aliás, desejo tributar-lhe uma homenagem. É sempre tão fácil falarmos da esperança, é nobre, inspirador e algumas vezes, vital! O oposto? Fazemos questão de ignorar ou taxar de fraqueza, falta de fé, um despautério, entretanto, o que dizer quando a desesperança se torna o único sentimento capaz de manter nossa lucidez?

Minhas mãos, agora braços a abraçar a desesperança sente a solidão aplacada - melhor abraçar um nada presente do que viver “dias"em fantasiosa espera que não vinga, que não gera e não é capaz, (nem a esperança tampouco) de paralisar o tempo, evitar que envelheça e assente na senescência, nosso querer.

Ah o tempo! Este escoa sem tréguas, não tira férias aquele que envelhece a pele, resseca as folhas, descolore as estações - sendo assim, por que desprezá-la tanto? Então... que me perdoem os “esperançados”!

Desesperança, conjugo-te!

Eu desesperançar-me-ei por hoje
apenas hoje
deste sonho que me aprisiona
em um eterno aconteçamos nós

Eu desesperançar-me-ei por hoje
apenas hoje
da compreensão de que, 
quem espera alcança um dia
pois esperar
se de longe sugere certeza
de perto é imaturidade disfarçada
um poder sem força de lei

nem tudo que desejo
lícito é possuir
por quê esperar o que de frente
caminha de costas?

Quando penso:
alcancei!
no NADA tocou minhas mãos
Quando em minhas retinas brilha
como miragem no deserto
aquele que alegra meu coração
o escaldante sol
queima minha ilusão.

Esperança? Te quero não!
Cansei!

Desesperançar-me-ei por hoje 
apenas hoje
amanhã quem sabe
desesperança parirá cria bastarda
quem sabe amanhã
miragem não é
quem sabe amanhã
o oposto da esperança
se revele “realidade”

Realidade de uma mulher, agora feliz e inteira.