quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quero, logo faço!

Por Vitalina de Assis.
Postei no dia 02/11/2010 na coluna de Sandra Maia
(Colunistas yahoo)


"Nunca deveria dar a si mesmo a oportunidade de se entregar porque, quando o faz, isso se torna uma tendência, e nunca mais para de acontecer. Em vez disso, você precisa ficar forte".(GILBERT, 2008, p. 145, grifo nosso).


Li esta frase no livro Comer, rezar, amar - de Elizabeth Gilbert e foi como um sinal luminoso piscando incessantemente diante dos meus olhos, um bom motivo para refletir e como papel de toda boa reflexão, abrir espaços que nos permitam questionar, rever algumas atitudes e mudar alguns conceitos, afinal estamos em constante processo evolutivo e mudar é uma dádiva de Deus ao homem.

"Em vez disso, você precisa treinar ficar forte". TREINAR FICAR FORTE. Isto soou-me como a revelação de um segredo há muito compartilhado, mas totalmente esquecido em um canto qualquer de nossa existência, como algo que um dia foi precioso, bem guardado e atrofiou-se por desuso. Só temos a consciência de que precisamos fortalecer alguma área de nossa vida quando somos capazes de identificar nossas fraquezas. Permita-me considerar como sinônimo de "tendência" na frase citada o termo "fraqueza", ou seja, um comportamento recorrente, aquele que não gostaríamos de repetir, mas que constantemente estamos fazendo.

Encontramos na Bíblia um versículo muito propício e gostaria de dialogar com ele: o apóstolo Paulo disse com muita propriedade em sua epístola aos Romanos no cap. 7:19 - "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço." Quero destacar o verbo preferir, querer, e a ordem em que foram colocados.

"Prefiro" transita no reino da vontade e o vejo como uma vontade mais branda, tipo aquela sensação "acho que não quero tanto assim"! Está no terreno das escolhas e convenhamos, muitas vezes diante das tais, ficamos como a criança que aprende brincando o exercício da desobediência: "minha mãe mandou eu escolher este aqui, eu fui teimosa e escolhi este daqui". Coisas da infância e do reino lúdico da imaturidade infantil, embora pareça exatamente o contrário, o pequeno ou pequena ensaiando seu exercício de autonomia. Já na fase adulta... cidadania. Entretanto, quando utilizo ou penso no verbo querer, estou exercendo meu direito pleno e intransferível de autonomia, não apenas uma escolha dada as circunstâncias, mas uma atitude que demonstra o poder que eu exerço em uma situação específica.

E quanto ao que disse o apóstolo?

Ele sabe o que não quer e é exatamente o que ele não quer, que é feito. Consegue perceber aqui o que não foi dito, mas grita nas entrelinhas?"Preferir" é o "fraco", o que se dissolve no compromisso que não assumo, o "acho que não quero tanto assim!" E o que não quero é o forte que me domina, é o "mal que não quero, esse faço", então se trocarmos a ordem dos produtos podemos obter um novo resultado. "O bem que prefiro", o que seria politicamente correto, o aceitável, o que esperam de mim, este não faço e sabe por quê? Porque é o que vem de fora, o desejo. Ao desejo nos curvamos, então se ao invés de preferir fazer o bem, eu "desejar" fazê-lo, é certo que o farei, mas como saltar do preferir para o quero?

Volto à citação inicial que destaquei do livro: "EM VEZ DISSO, VOCÊ PRECISA TREINAR FICAR FORTE". Permita que esta expressão te envolva, passeie por sua pele, penetre nos seus poros, infiltre na sua corrente sanguínea, possua seus pensamentos no reino da vontade. Treinar ficar forte, dizer não a fraqueza e para a tendência de sempre repetir o que jurou de pés juntos não fazer novamente. Precisamos identificar esta tendência e treinar o oposto, ficar forte no movimento contrário.

O que não te agrada em seu comportamento? Pode considerar esta atitude uma tendência que vem repetindo-se dia após dia, em intervalos semanais ou mensais? "Em vez disso, você precisa treinar ficar forte". Então faça o bem que você QUER, e o mal que não PREFERE, esse não faça.

Um comentário:

  1. Me caiu como luvas este texto. Devo confessar que em algumas áreas da minha vida, tenho tido um comportamente recorrente, e isto me entristece muito. Vou seguir a dica: " Treinar ficar forte, dizer não a fraqueza e para a tendência de sempre repetir o que jurou de pés juntos não fazer novamente. Precisamos identificar esta tendência e treinar o oposto, ficar forte no movimento contrário".

    Muito obrigada.

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